terça-feira, 20 de março de 2012

A Água

 

“A água é o princípio de todas as coisas.”

Tales de Mileto

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A água é essencial à vida (pelo menos à vida tal como existe na Terra).

Em qualquer jardim, terraço ou varanda a àgua é elemento essencial a considerar. Qualquer recipiente, de qualquer dimensão, serve para conter água e plantas. E não é preciso gastar muito dinheiro.

Com um pouco de imaginação surge aqui uma fonte, ali uma cascata, acolá um espelho de àgua. Pequenos recipientes podem dar lugar a um jardim aquático, a um bog garden, a um bebedouro.

Até conceitos minimalistas como o wabi-kusa de plantas aquáticas tem o seu lugar.

Introduzam-se plantas aquáticas e peixes e depois é só aguardar por outras formas de vida: insectos, anfíbios, aves e até pequenos mamíferos.

Com a àgua temos jogos movimento, luz e som. E o ruído da água a correr é revigorante e transforma, como que por magia, o local num espaço de repouso, tranquilidade, meditação e frescura.

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A Alface-d’água (Pistia stratiotes) e a Salvínia (Salvinia natans) são exemplos de plantas flutuantes que providenciam sombra evitando a proliferação de algas.

O Jacinto-d’água (Eichhornia crassipes) além de sombra é uma verdadeira maternidade para os peixes que depositam os ovos no emaranhado das raízes.

A Lentilha-d’água (Lemna minor) por sua vez, dada a riqueza em proteínas e lípidos, é fonte de alimento para peixes e até para aves.

 

 

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Os Nenúfares (Nymphaea odorata) lançam as folhas para a superfície mal chegada a Primavera. Fácilmente ocupam toda a superfície disponivel e então, procurando um lugar ao sol, erguem-se com elegância acima da superfície da água.

Mais tarde aparecem as flores de subtil cheiro.

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O Malmequer-dos-brejos (Caltha palustris) esbate as margens do depósito de água que agora é o lago.

O lago é habitado por Peixes-vermelhos (Carassius auratus). Outros habitantes vieram ocupar o seu nicho. Note-se a presença de uma Rã-verde (Rana perezi) á beira do lago. Ao ruído da água acresce, no Verão, a do coaxar dos machos.

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Carassius auratus

terça-feira, 6 de março de 2012

Um Hotel para Insectos

A ideia surgiu-me a partir da consulta de sites ingleses.  Em Inglaterra jardins públicos e privados que se prezem, não dispensam um Bug Hotel. As escolas e os jardins realizam concursos para ver quem apresenta a melhor construção. Até arquitectos concorrem!
Ver  http://www.environmentalgraffiti.com/architecture/news-londons-insect-hotels
         http://www.ettestudios.com/2010/06/help-bees-give-them-home.html
Não me parece que os futuros hóspedes do Hotel se incomodem com a aparência mas sim com o conforto portanto, mesmo não sendo arquitecto, decidi meter mãos à obra. Restos de paus, gravetos, palhinhas de chupar sumos, troncos, madeiras, tubos plásticos, canas, canetas de feltro, tijolos,pedras, ... tudo serve. É só empilhar com o cuidado necessário para que a estrutura fique sólida e não desmorone.
A ideia é contribuir para que os insectos úteis ao Homem encontrem onde passar o tempo de invernia e lá depositem os seus ovos e se reproduzam.
Polinizadores como Abelhas, Abelhões, Abelhas solitárias, Sirfídeos, Borboletas; Predadores de pragas como  Joaninhas, Vespas, Crisopídeos; Insectos em declínio e risco de extinção, a todos se destina esta estrutura.
João Dinarés-iPod Touch 4GJoão Dinarés-iPod Touch 4G
Um Hotel para Insectos está permanentemente em construção e remodelação. Nada é definitivo. Só temos de obedecer a um critério: deve estar pronto para habitar desde o  inicio do Outono até à Primavera seguinte.
Nas fotografias estão os meus hoteis: Na segunda foto está uma barrica velha (muito bem camuflada) que tem servido a Abelhas  (Appis mellifera) silvestres.
Na primeira foto está uma construção, de vários andares, em “apartamentos”. Tijolos de furações diversas constituem o esqueleto.


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 < Pormenor do Hotel
As “traseiras” do Hotel são formadas por troncos e ramos velhos empilhados destinados a coleópteros como a Vaca-loura (Lucanus cervus) que está em franco declínio e provávelmente em risco de extinção. É o maior besouro da Europa e é triste se desaparecer.
Se querem ver um abrigo para Lucanídeos vão dar um passeio até ao Parque do Palácio da Pena em Sintra.
Ño meu jardim aparecem ocasionalmente alguns indivíduos, sobretudo fêmeas. Não tenho nenhuma fotografia tirada por mim mas no Google Imagens, Flickr ou Picasa não faltam.
João Dinarés-Sony DSC-H7Também um recipiente com lama está permanentemente à disposição de Abelhas solitárias (mas algumas aves também o utilizam colhendo material para os ninhos).
Não utilizando insecticidas nem outros “cidas”, providenciando algum abrigo, sou depois recompensado pelos insectos que me oferecem o seu trabalho.
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Nestas fotografias podem ver uma larva de Joaninha desocupando o “seu quarto” de hotel e, na seguinte, 2 Joaninhas (Coccinella quatuordecimpunctata) alimentando-se de pulgões (afídeos) numa laranjeira.