quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Zoropsis spinimana

A Aranha-dos-troncos-grande (Zoropsis spinimana) é uma aranha caçadora de emboscada não necessitando de teia para capturar as suas presas nem as envolve em seda para delas se alimentar mais tarde. Como aranha cribelada a seda que produz é apenas utilizada para proteger os ovos.

Zoropsis spinimana

 É uma aranha grande, de patas compridas, o que lhe confere um aspecto que desmotiva a sua manipulação e embora possua quelíceras capazes de perfurar a péle humana não há relatos da sua mordedura ser perigosa (o que não significa que não seja dolorosa e muito pruriginosa com uma cicatrização algo prolongada que roça as 2 semanas).

Classificação cientifica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Familia: Zoropsidae
Género: Zoropsis


Prosoma: Olhos em duas filas e "caraça" dorsal
Os individuos adultos atingem cerca de 15 a 20 mm sem contar com as patas, as fêmeas um pouco maiores que os machos. Habita debaixo de pedras, troncos, montes de lenha e até em mobiliário de jardim qualquer que seja o material de que é feito. No tempo frio tem tendência a recolher-se no interior das casas incluindo juvenis que, neste frio mês de Fevereiro, parecem querer coabitar conosco .

Apresenta uma coloração em tons de castanho com um desenho semelhante a uma caraça na parte dorsal do prosoma (cefalotórax). No opisthosoma tem marcas escuras medianas e desenhos semelhantes a W. As patas mostram faixas escuras e claras dentro da tonalidade castanha geral.
Tem oito olhos dispostos em duas fiadas paralelas (4+4) na zona frontal do prosoma.



Distribui-se pela zona mediterrânica ocidental mas há evidência de se estar a deslocar para Norte (aquecimento global?) tendo sido detectada em países centro e norte-europeus. Também ocorre numa àrea específica da Califórnia onde terá sido introduzida.

Bibliografia consultada:
O último exemplar fotografado (Fev 2013)

http://naturdata.com/Zoropsis-spinimana-13306.htm


 





domingo, 27 de janeiro de 2013

Cobra-cega



Cobra-cega (Blanus cinereus)
Esta apareceu dentro de casa (!), no Sobral da Lagoa, e foi uma descoberta do meu gato, o Shaka, que com a sua excitação me chamou a atenção e assim lá a consegui salvar, fotografar e devolver à Natureza num local apropriado do jardim. Aconteceu durante o Verão e provávelmente procurava um pouco de frescura e humidade.
A Cobra-cega de seu nome científico Blanus cinereus é um inofensivo réptil vermiforme (à primeira vista parece uma minhoca grande) pertencente à família Amphisbaenidae.  É o único representante europeu desta família sendo endémico da Península Ibérica e é a espécie-tipo do género Blanus. Há quem considere a existência de uma outra espécie do género: Blanus mariae presente no sul de Espanha.

Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Família: Amphisbaenidae
Género: Blanus
Espécie: Blanus cinereus

Em inglês dá pelo nome de "Iberian worm lizard" mas essa denominação, tal como a portuguesa, pode induzir em erro dado que não é nem cobra nem lagarto. A designação da família deriva de Amphisbaena uma serpente de duas cabeças que, na Mitologia da Grécia antiga, teria nascido das gotas de sangue caídas da cabeça da Medusa (uma das três Górgonas) depois de Perseu a ter decepado.

Dimensões comparadas com um garfo de 20 cm
De um comprimento que não ultrapassa os 20-25 cm apresenta uma coloração variável desde o cinzento até ao castanho passando por tons rosados e violáceos.
Tem uma vida quase exclusivamente subterrânea, escavando túneis, sendo capaz de se deslocar com igual desenvoltura nos dois sentidos (daí a ideia das duas cabeças).
A péle é segmentada como a das minhocas mas, observada com atenção, notam-se escamas quadrangulares que cobrem todo o corpo.
Anéis, escamas e olhos atróficos
Na cabeça podemos ver os dois olhos atróficos cobertos por escamas.
A atrofia dos olhos, tal como a dos membros, é um exemplo do que se chama de evolução regressiva embora esta designação possa ser enganadora dado que não houve nenhum retrocesso evolutivo; o que acontece é que o animal perdeu estruturas e orgãos inúteis ou sem utilidade.
Não tendo olhos utiliza para localização das presas e dos seus semslhantes um orgão semi-olfactivo, semi-gustativo, localizado no "céu da boca" denominado de orgão vómero-nasal ou orgão de Jacobson (atrófico ou ausente nos humanos, outro exemplo de evolução regressiva). Com este orgão capta sinais químicos provenientes das suas presas, dos seus predadores e as ferormonas emanadas de individuos do sexo oposto (muito útil na altura do acasalamento). Só mais uma nota: quando virem um cão ou um gato com a boca semi-aberta a "sentir" o ar é porque está a utilizar o orgão de Jacobson.
Alimenta-se de insectos adultos ou larvas, minhocas e qualquer outro "petisco" ao seu alcançe. Por sua vez faz parte da dieta de javalis, raposas, serpentes, sardões, aves, etc.
A reprodução ocorre entre Março e Junho e já acima ficou dito como encontra o parceiro (ou parceira). A fêmea deposita, e esconde, no solo 1 a 2 ovos que abandona. Os novos seres surgem  2 a 2 meses e meio mais tarde.
É uma espécie termófila o que condiciona a sua distribuição na Peninsula, estando ausente das zonas mais frias.

Ficheiro:Blanus cinereus distribution Map.png
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Blanus_cinereus_distribution_Map.png
O mapa de distribuição da espécie (à esquerda) dá nota duma extensa àrea  de distribuição mas no Portal da Naturdata o Mapa de distribuição apenas tem registos confinados à zona de Óbidos.

Há poucos anos surgiu uma teoria muito interessante, embora fóra do "main-stream" científico, a defender que os Mamíferos não  derivaram de répteis quadrúpedes mas sim de Anfisbaenídeos. Vale a pena ler: 

Darren Naish; Amphisbaenians and the origins of mammals; 01/04/2008