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Cobra-cega (Blanus cinereus) |
Esta apareceu dentro de casa (!), no Sobral da Lagoa, e foi uma descoberta do meu gato, o Shaka, que com a sua excitação me chamou a atenção e assim lá a consegui salvar, fotografar e devolver à Natureza num local apropriado do jardim. Aconteceu durante o Verão e provávelmente procurava um pouco de frescura e humidade.
A Cobra-cega de seu nome científico
Blanus cinereus é um inofensivo réptil vermiforme (à primeira vista parece uma minhoca grande) pertencente à família
Amphisbaenidae. É o único representante europeu desta família sendo endémico da Península Ibérica e é a espécie-tipo do género Blanus. Há quem considere a existência de uma outra espécie do género:
Blanus mariae presente no sul de Espanha.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Família: Amphisbaenidae
Género: Blanus
Espécie: Blanus cinereus
Em inglês dá pelo nome de "Iberian worm lizard" mas essa denominação, tal como a portuguesa, pode induzir em erro dado que não é nem cobra nem lagarto. A designação da família deriva de Amphisbaena uma serpente de duas cabeças que, na Mitologia da Grécia antiga, teria nascido das gotas de sangue caídas da cabeça da Medusa (uma das três Górgonas) depois de Perseu a ter decepado.
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Dimensões comparadas com um garfo de 20 cm |
De um comprimento que não ultrapassa os 20-25 cm apresenta uma coloração variável desde o cinzento até ao castanho passando por tons rosados e violáceos.
Tem uma vida quase exclusivamente subterrânea, escavando túneis, sendo capaz de se deslocar com igual desenvoltura nos dois sentidos (daí a ideia das duas cabeças).
A péle é segmentada como a das minhocas mas, observada com atenção, notam-se escamas quadrangulares que cobrem todo o corpo.
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Anéis, escamas e olhos atróficos |
Na cabeça podemos ver os dois olhos atróficos cobertos por escamas.
A atrofia dos olhos, tal como a dos membros, é um exemplo do que se chama de
evolução regressiva embora esta designação possa ser enganadora dado que não houve nenhum retrocesso evolutivo; o que acontece é que o animal perdeu estruturas e orgãos inúteis ou sem utilidade.
Não tendo olhos utiliza para localização das presas e dos seus semslhantes um orgão semi-olfactivo, semi-gustativo, localizado no "céu da boca" denominado de
orgão vómero-nasal ou
orgão de Jacobson (atrófico ou ausente nos humanos, outro exemplo de evolução regressiva). Com este orgão capta sinais químicos provenientes das suas presas, dos seus predadores e as ferormonas emanadas de individuos do sexo oposto (muito útil na altura do acasalamento). Só mais uma nota: quando virem um cão ou um gato com a boca semi-aberta a "sentir" o ar é porque está a utilizar o orgão de Jacobson.
Alimenta-se de insectos adultos ou larvas, minhocas e qualquer outro "petisco" ao seu alcançe. Por sua vez faz parte da dieta de javalis, raposas, serpentes, sardões, aves, etc.
A reprodução ocorre entre Março e Junho e já acima ficou dito como encontra o parceiro (ou parceira). A fêmea deposita, e esconde, no solo 1 a 2 ovos que abandona. Os novos seres surgem 2 a 2 meses e meio mais tarde.
É uma espécie termófila o que condiciona a sua distribuição na Peninsula, estando ausente das zonas mais frias.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Blanus_cinereus_distribution_Map.png |
O mapa de distribuição da espécie (à esquerda) dá nota duma extensa àrea de distribuição mas no Portal da Naturdata o
Mapa de distribuição apenas tem registos confinados à zona de Óbidos.
Há poucos anos surgiu uma teoria muito interessante, embora fóra do "main-stream" científico, a defender que os Mamíferos não derivaram de répteis quadrúpedes mas sim de Anfisbaenídeos. Vale a pena ler:
Darren
Naish; Amphisbaenians and the origins of mammals; 01/04/2008